AGENDA VERDE SE CONSTRÓI COM FATORES ECOLÓGICOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS

junho, 2020

fonte: https://capitalmundialdaarquitetura.rio/
Entrevista concedida ao jornalista
Francisco Alves da RCMA – Rio Capital Mundial da Arquitetura.
 

Aníbal Sabrosa se destaca por soluções premiadas em diversas áreas, entre elas, a hospitalar

Uma agenda verde é feita entre profissionais e a sociedade, onde fatores ecológicos se entrelaçam com fatores sociais e econômicos, buscando um equilíbrio que permita desenvolver uma arquitetura e urbanismo competentes e perenes. O conceito é perseguido pelo arquiteto urbanista,  Aníbal Sabrosa, sócio e fundador, em 1989, da RAF Arquitetura,  uma das mais influentes do VP da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBea-RJ) e conselheiro da mesma entidade paulista. Ele destaca que a premissa é ampla e percorre vários caminhos, mas objetiva manter a comunidade atual e preservar o futuro.

– Tive a oportunidade, quando era presidente da Asbea-RJ, de participar da criação do GBC Brasil (Green Building Council). Nos diversos fóruns foi possível verificar que o que se pretendia era criar uma cartilha, uma forma de se aferir, e assim buscar otimizar e melhorar performances e processos das construções. Uma boa arquitetura sempre busca um conforto ambiental, o correto uso de materiais e energia, um custo adequado, bom uso da água, entre outros fatores – afirma Aníbal especialista, junto com uma equipe de mais de 100 colaboradores, em projetos de interior, corporativo, saúde, infraestrutura, urbanismo, comercial, residencial e restauro.

Podemos então considerar que uma boa arquitetura nos trará um edifício sustentável? Aníbal ressalta que a sustentabilidade está na integração dessas construções com a cidade, com a mobilidade, com a infra-estrutura.

–  Nem em todos projetos conseguimos aplicar todos os itens, mas perseguimos aplicar todos os itens em todos projetos – resume o arquiteto, formado na Universidade Santa Úrsula em 1988.

Aníbal destaca que seu escritório busca desenvolver várias tipologias de projetos, o que permitiu a aquisição de experiência em campos específicos, e aplicação de diversas formas, passando por edifícios comerciais de alta performance, reabilitação de edifícios históricos (retrofits), edifícios residências, industriais e na área de saúde.

Os edifícios comerciais corporativos foram os primeiros a terem seus estudos relacionados a uma certificação, de acordo com o arquiteto. Por motivos óbvios, conforme ele, difere e exclui a possibilidade de um “design passivo”.

– Nessa perspectiva, a tecnologia entra como componente fundamental. A arquitetura sempre evolui através do avanço da indústria, e é o que vem a colaborar para projetarmos um edifício mais eficiente, como é o caso do AQWA Corporate (concebido pelo escritório Foster & Partners, desenvolvido em parceria com a RAF, para a Tishman Speyer, na região portuária do Rio). Quanto mais se investe em itens ligados a eficiência de abastecimento de água, energia, climatização e manutenção, mais se economiza na sua vida útil – exalta.

Outro exemplo recente de edifício corporativo, lembrado por Aníbal, é o da sede da Rede Globo, na Rua Jardim Botânico, no Rio. Nele, buscou-se a transparência entre interior e exterior, onde as pessoas que circulam na rua pudessem “participar” do que acontece dentro do edifício. A escolha do vidro e sua caixilharia foi fundamental para garantir conforto ambiental interno, otimização de energia, e qualidade da paisagem, contribuindo com a beleza do ambiente urbano. Para ambos projetos foram priorizadas a eficiência e economia, com praticamente 100% de uso de materiais nacionais.

Em relação a retrofit, o edifício do Morro da Viúva, encomendado pela Construtora Cyrela, foi um desafio que trouxe satisfação ao grupo de Aníbal.

– Podemos entender que pelo fato de se manter sua supraestrutura já é um relevante parâmetro de sustentabilidade, mas pensando sobre a contribuição do edifício para a cidade, reabilitar o edifício, na bela paisagem do Aterro do Flamengo e seu exuberante verde, contribui enormemente para a qualidade ambiental, paisagem e imagem da região. O nosso colega Marcelo Parreira (gerente-geral de incorporação da Cyrela), mais que um cliente, foi um parceiro – detalha o arquiteto, explicando que internamente, foram feitas amplas adequações no prédio, onde se buscou melhorar a qualidade dos ambientes, e de suas instalações, adaptando-as ao modo atual de morar.

Habitações sociais para idosos: mix de residência e hotel

Na questão dos projetos para longa permanência de idosos, Aníbal Sabrosa diz entendê-los como um mix de edifício residencial e hotel. Para tal concepção, de acordo com o arquiteto, é fundamental a busca por um design passivo: uma boa implementação da ideia, trabalhar com amplas áreas abertas, iluminação natural e relação com a natureza através de rico paisagismo.

– Questões sociais e ecológicas devem estar relacionadas, sempre,  auxiliando, assim,na qualidade de vida dos usuários – comenta.

Nova arquitetura hospitalar é referência no setor

Na rede hospitalar, a RAF Arquitetura também virou referência. A empresa trabalhou para a Rede D’or São Luiz  desde seu primeiro hospital e para o Barra D´or. Atuou também em projeto para a Unimed, instituindo varandas nos quartos dos pacientes.
– Tem uma revista na RAF que a capa é o Barra D´or, com o título: “A nova arquitetura hospitalar”  -, orgulha-se.
Um hospital tem que visar a saúde, justifica Aníbal.

– Trata-se de de um ambiente de saúde e não de doença. Nesse sentido, novamente a indústria vem ao encontro da arquitetura. O constante avanço de equipamentos e procedimentos, nos faz projetar espaços flexíveis, onde o uso de materiais “secos”, de fácil remoção ou montagem, se faz presente. Áreas ventiladas naturalmente são frequentes, assim como áreas com severo controle ambiental – frisa.
Ainda de acordo com Aníbal, nos projetos voltados para as áreas de saúde e tecnologia, é notória a caça por soluções sustentáveis, com o objetivo de dar vida longa a esses tipos de edifícios, para se evitar que qualquer intervenção cause transtornos no cotidiano.

– Quanto mais se investir numa boa arquitetura, menos desperdício no futuro – finaliza o sócio da RAF, que surgiu da união dele e dos colegas de faculdade, Rodrigo São Paulo Sambaquy e Flávio Kelner, arquitetos fundadores que emprestam suas iniciais ao nome do grupo. Posteriormente, entraram na sociedade Guilherme Carvalho, Henri Medala e Cynthia Kalichsztein. A RAF tem escritórios no Rio e São Paulo.